![]() Sair de si mesmo e ir ao encontro dos outros: até hoje o homem não conseguiu aprender a fazer isso. O homem permanece enclausurado e, portanto, um egoísta, um "autista" (uso aqui o termo autista não no sentido usado em medicina, mas para designar quem cria um mundo particular e nele vive, quase que totalmente ignorando o mundo exterior, o(s) outro(s) ser(s) humano(s))...
Claro, nem todos são assim. Alguns até conseguiram se espraiar ao encontro de toda a humanidade... E, claro, só foram bem recepcionados por quem estava preparado para receber em seu coração, em seu espírito - o outro. Dos egoístas, dos "autistas" bateram à porta, mas esta recebeu novas trancas... E é assim que a maioria dos homens perdem as boas oportunidades - para serem verdadeiramente livres e terem, enfim, uma verdadeira amizade, por exemplo. Gratidão... Quantas solitárias criaturas não sabem o que é isso... Eu ouso afirmar que é muito mais fácil encontrar gratidão entre os chamados irracionais do que entre os “racionais”. Quantos, ao serem alvo de verdadeira amizade não começam a achar que tudo não passa de um estratagema daquele que o ajuda para exigir, no futuro, alguma recompensa? “Você está fazendo isso para depois pedir algo em troca. Pensa que vai me enganar?” O bom julgador julga por si mesmo: como ele(a) mesmo jamais moveria uma palha para ajudar quem quer que seja, duvida que haja alguém que o possa fazer - principalmente de forma desinteressada. Uma verdadeira amizade faz o homem egoísta (autista) - e solitário - se sentir ameaçado, até transtornado. Amizade desinteressada: ele na verdade não concebe tal possibilidade, e a vê sempre como alguma astúcia, alguma manha, alguma estratégia para enganá-lo. A ironia é que quando tudo é feito mesmo para enganá-lo, o homem egoísta não reconhece o estratagema: ele é enganado e as vezes leva anos, décadas para entender que o foi. E, muitas vezes, morre sem ter disso consciência... Lia Lopes Silva
Enviado por Lia Lopes Silva em 25/06/2008
Alterado em 25/06/2008 Comentários
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